Para fortalecer o combate a
Aids, a Igreja no Brasil se une às organizações da sociedade civil, neste dia
1º de dezembro, para a luta contra a doença. A Pastoral da Aids sai às ruas
para informar, orientar e esclarecer a população sobre a epidemia de HIV. Para
este ano, um material foi disponibilizado a todos os agentes da Pastoral que
atuam no território nacional. A data é marcada por ações e intervenções na
população em geral, garantindo um olhar atencioso, principalmente, às
populações mais vulneráveis e desassistidas.
O Dia Mundial de Luta Contra
a Aids é um grande evento político, que cria espaços de diálogo e debate com os
programas de Aids nas três esferas políticas para discutir os rumos da resposta
brasileira. Nesse dia busca-se reivindicar melhorias e políticas que detenham o
HIV e melhorem a qualidade de vida das pessoas que convivem com a Aids. Para
reforçar os trabalhos, panfletos de orientação, spots para rádios e vídeos
veiculados na TV irão compor a campanha deste ano.
A Igreja tem um grande
alcance com as ações entre a população. Os meios de comunicação católicos,
assim como sacerdotes, religiosas e religiosos e bispos garantem apoio às
iniciativas e reforçam de forma significativa a campanha. O planejamento prevê
inúmeras ações organizadas nos municípios e paróquias onde os agentes pastorais
atuam. A expectativa é que se alcance o maior número possível de pessoas
levando informação e orientação sobre a Aids e sobre o teste HIV.
A Pastoral da Aids está
envolvida há vários anos na luta para informar e orientar a população sobre a
necessidade de fazer o teste para HIV. A Igreja assume este serviço e, sem
preconceitos, acolhe, acompanha e defende os direitos daqueles que foram
infectados pela Aids.
O HIV é um vírus que se
espalha por meio de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema
imunológico. Sem o tratamento antirretroviral, o vírus afeta e destrói essas
células e torna o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças.
Atualmente, não existe uma
cura efetiva e segura, mas os cientistas trabalham intensamente em busca de
resultados. Enquanto isso não acontece, com cuidados médicos apropriados, o
portador do vírus HIV pode ter a doença controlada.
Segundo dados da Unaids, em
2014, havia 734 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, o que representa cerca
de 0,4% a 0,7% da população. Estima-se que só no ano passado ocorreram 44 mil
infecções pelo HIV. Neste período, o número de mortos relacionados à Aids
chegou a 16 mil.
A maioria dos óbitos atualmente
são de pessoas que descobrem tardiamente a infecção. Esse fator agrava o quadro
de saúde, dificulta o tratamento com os antirretrovirais e onera o sistema de
saúde com internações longas o que, consequentemente, aumenta os custos com o
tratamento das doenças oportunistas – aquelas que se aproveitam da baixa
imunidade para se alojarem no organismo.
Mas, mesmo com os avanços,
alguns obstáculos são enfrentados no trabalho pastoral. O Assessor da Pastoral,
Frei Luiz Carlos Lunardi, conta que a metodologia do trabalho é feita em rede,
em parceria e de forma complementar aos programas de Aids e com a rede de
saúde. Para ele, crescer nesta direção hoje é um grande desafio. Somado a essa
realidade está a dificuldade de chegar-se às áreas mais desassistidas e mais
vulneráveis, já que é cada vez mais difícil a sustentabilidade das ações.
Atrelado a tudo isso está o
preconceito, que é um grande dilema da epidemia da doença. “Há muito
preconceito ainda em todas as esferas sociais. Hoje ainda se pode dizer ‘Aids
não mata o que mata é o preconceito’”, afirma o frei. Apesar de todo o avanço e
conhecimento sobre a doença, o religioso coloca que ainda são muito altos os
índices de novas infecções e óbitos.
Acolhida
A epidemia da Aids é uma
realidade desde 1980. Muitas pessoas, organizações e setores da sociedade
empenham suas energias há anos no controle da doença. Essa realidade e a
necessidade de envolver um número sempre maior de forças para lutar contra a
doença aproximou também o Ministério da Saúde da Igreja Católica com a
finalidade de unir forças para contra o HIV.
Desde o início, quando a
doença ainda era desconhecida, a Igreja acolhia em casas de apoio e centros de
convivência os portadores da doença. Nesse tempo, muitas das pessoas que eram
abandonadas eram recebidas pela Igreja. Com o passar dos anos e com a chegada
dos medicamentos Antirretrovirais (ARV), o trabalho pastoral se abriu para as
ações de prevenção com formação de agentes multiplicadores de informação, assim
como, os promotores de ações de base.
Ao longo dessa jornada,
também ampliou o trabalho na acolhida e acompanhamento das pessoas que vivem e
convivem com a doença, desenvolveu uma linha de trabalho assumindo campanhas
como a do teste HIV, vigília pelos mortos de Aids e Dia Mundial de luta contra
a Aids.
Outro aspecto que foi um
grande avanço promovido pela Igreja foi o programa de incidência política onde
se formam agentes de Pastoral da Aids para atuarem nas políticas públicas e
para o engajamento nos conselhos de saúde, nas comissões de DST/Aids, nas
frentes parlamentares e em fóruns.
Para dinamizar ainda mais os
trabalhos, a Pastoral organiza uma assembleia nacional para discutir o tema no
próximo ano. Anterior ao evento, a meta é organizar as pré-assembleias
diocesanas seguindo com a assembleia regional para chegar-se a uma boa
avaliação e proposições para serem abordadas em nível nacional. “Este processo
seguramente nos dará luzes para olharmos as realidades nas quais trabalhamos e
redimensionarmos nossa ação e intervenção de forma adequada às exigências da
epidemia”, sublinha o assessor da Pastoral.
Foto: AFP
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